sábado, 13 de fevereiro de 2010

Falando de memórias 2

O que me propus aqui registrar são mémorias, fatos que ficaram retidos nas minhas lembranças.Pelo menos os mais marcantes. Não sei se alguem, por ocasião de lê-los , os achará interessantes, que mereçam um registro. O fato é que, interessantes ou simplesmente banais, eu os registrarei por absoluta necessidade. Na verdade, meu caderno de anotações foi , desde sempre, meu grande,fiel e preciosíssimo companheiro. Sempre escreví, sempre houve em mim uma necessidade muito grande de me expressar, falar, debater, protestar, ou monologar, na solidão da minha sala de trabalho. É assim que eu sou. Às vezes eu tenho a sensação desagradavel de não ter mais nada de importante pra realizar e isso me deixa angustiada, deprimida, me sentindo vazia, sem nada de interessante pra fazer. Eu olho pra traz e não consigo encarar com serenidade tantos anos vividos, como se eu os tivesse vivido aleatoriamente, não os tivesse aproveitado realmente. Acho que não estou conseguindo me expressar direito. Na verdade, eu queria não ter cometido tantos erros, queria ter continuado a estudar, ter um curso legal, que me possibilitasse uma realização profissional dígna. Pra onde foram tantos anos? Algumas pessoas amigas morreram, despediram-se da vida prematuramente, surpreendidas por esses imprevistos que sobreveem, de repente. Outras estão envelhecendo... como eu, lentamente, continuamente... Como era aquela expressão que o Machado de Assis usou quando se referiu ao envelhecimento do Bentinho? " O interno não aguenta tinta"! Genial, Machado de Assis! Realmente, "o interno não aguenta tinta" Podemos nos arrumar, frequentar salões de beleza, pintar o cabelo..., mas, "o interno não aguenta tinta" Envelhecemos, inevitavelmente. Não existe fórmula mágica que possibilite ao ser vivo permanecer jovem a vida toda. Algumas pessoas chegam a se transformar em caricaturas de sí próprias pela busca da juventude eterna. Eu quero dignidade! Envelhecer com dignidade, com sanidade mental, com lucidez, mesmo que caminhando devagar, tendo que me apoiar quando o trageto a ser percorrido exigir além das minhas possibildades. Quero poder continuar lendo, mesmo que com a visão limitada, cansada, curta. Quero ter meus livros como companheiros, fiéis companheiros. Mesmo que eu chore algumas vezes, quero continuar falando, protestando, argumentando, me indignando...A Gana, minha amiga inesquecível dos tempos de ginásio, gostava de escrever em seus cadernos e nos meus tambem a seguinte frase: "Senhor, dá-nos sabedoria para que eu não seja uma pessoa rude e de uma só visão". Continúo a pedir a Deus a mesma coisa.

2 comentários:

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  2. E verdade, a gente quer agarrar a vida como uma pedra de barro molhado, molda-la, torna-la ideal, mas o fato e que nao existe vida ideal. Quem nao gostaria de ter feito mais? E quem nao acaba deixando passar as oportunidades de faze-lo porque sempre acha que passaram as chances, o momento certo, porque a gente olha demais pra tras e muito pouco pra frente? E como se os anos que passaram e nao voltam mais guardassem a unica possibilidade que tivemos de ser aquilo que nao somos. E muito mais facil pensar no que a gente poderia ter sido do que arregacar as mangas e partir em busca do que ainda poderemos ser. O passado e um lugar seguro pra sonhar.

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