sexta-feira, 28 de maio de 2010

algumas considerações 4

Estou de volta... Foram muitos dias em silêncio, impossibilitada de fazer o que mais gosto. Meu computador simplismente emudeceu, sem aviso. Felizmente, agora está tudo bem. Espero. Eu gostaria de começar de uma maneira mais otimista, escrevendo sobre coisas agradáveis, boas de se lêr. Perdoem-me se a frieza dos fatos está me impedindo de visualizar a "Fortaleza bela" que tanto se apregoa por aí... Estou triste. Já não consigo sair às ruas sem que a sensação de insegurança tome conta de mim. Estão me tirando uma das coisas que eu mais gostava de fazer : visitar o bairro em que nascí , rever pessoas amigas, familiares e lugares que contam, um pouco, a história da minha vida... Alguém pode me dizer o que é que está acontecendo com as pessoas? Eu me recuso a acreditar que a violência é apenas uma consequência do progresso... Algo de muito grave está acontecendo! As pessoas estão se matando por tudo e por nada também. Chegamos ao absurdo de sermos impedidas, pelo medo da violência, de sermos solidárias e caridosas com as pessoas que nos abordam nas ruas ou nos portões de nossas casas. De quem é a culpa? O que mudou? Parece que uma grande parte da população resolveu, de repente, infringir a lei, delinquir, roubar, agredir e até matar na tentativa de lhes tirar algo de valor. Estamos vivendo a "Síndrome do Pânico", do medo de, de repente, ser vítima de um assalto à mão armada. Pergunto novamente: O que mudou? Mudou muita coisa, mas a mudança maior aconteceu dentro de cada lar brasileiro. Mudou o comportamento dos pais, que se tornaram omissos, permissivos e indiferentes. Hoje, dificelmente, presenciamos o pai exercendo o papel de pai , de provedor , de educador, de limitador, de vigilante, da pessoa responsável pela educação e comportamento dos filhos. Mudou o filho, que deixou de ter respeito pelo pai, que passou a se impor pela violência, a exigir cada vez mais, a ameaçar e roubar a própria família. Mudou a escola, que, sem o alicerce da família, enfraqueceu, se descaracterizou, perdeu a sua identidade e já não é mais reconhecida como "um segundo lar". Hoje eu ouví pelo radio a notícia de que um adolescente de quinze anos de idade foi assassinado pela polícia num confronto direto, quando foi surpreendido numa tentativa de assalto à mão armada. Fiquei chocada, emocionalmente abalada com a notícia. A verdade é que somos também , responsáveis por toda essa tragédia. Somos responsáveis quando "viciamos" a criança ao lhe entregar pelo vidro entreaberto do carro uma moeda de pouco valor, mas que dá à criança a falsa idéia de que ela está "trabalhando", ajudando no sustento da família... Somos responsáveis quando "pagamos"à criança por um serviço, um simples favor prestado, e ela passa a achar que a escola pode ficar pra depois. É tudo muito difícil, essa é que é a verdade. As penitenciárias estão aí, completamente abarrotadas de pessoas, numa mistura promíscua, desumana, sem chance de recuperação, de uma volta à sociedade com dignidade. A recuperação se torna impossível por que não há ações governamentais eficientes, não há emprego, e sem emprego, não há como sustentar a família sem delinquir. São milhões de pessoas passando fome, vivendo abaixo da linha da pobreza, catando lixo nas ruas, abrindo e fechando sacos de lixo na esperança de encontrarem alguma coisa de valor que lhes garanta a próxima refeição... Há algo pior, mais desolador??